É Possível Uma Televisão Diferente?



Embora a programação e os comerciais da televisão brasileira influenciem os hábitos e costumes da população, favorecendo uma homogeneização de comportamentos , não se pode pensar que os indivíduos sejam receptores passivos que gravam as mensagens e passam automaticamente a repeti-las. Há sempre uma (re) elaboração do que se vê e escuta , além de muitos outros elementos que influenciam o comportamento e a opinião pública. Se não fosse assim, o regime militar instalado em 1964 teria total aceitação da população brasileira e até poderia ter sobrevivido ao fim do milagre econômico, pois os meios de comunicação , em especial a televisão, com seus programas e noticiários , eram plenamente favoráveis a ele, principalmente a Rede Globo, emissora que detinha na época (e detém até hoje) a maior audiência nacional. O filósofo brasileiro Renato Janine Ribeiro, em seu livro "O Afeto Autoritário : Televisão , Ética e Democracia", analisa a televisão brasileira de um ângulo muito interessante. Deve-se levar em conta , diz ele , a importância que a televisão tem no Brasil, pois ela dá para a sociedade uma pauta de conversa. Basta ouvir o que as pessoas estão falando numa segunda-feira para saber o que foi ao ar nos principais programas dominicais. Se você não viu nenhum, é bem possível que nada tenha para dizer. A televisão também desempenha um papel na reflexão do Brasil atual, principalmente por meio das telenovelas , que levam para  milhões de telespectadores algumas questões pouco discutidas ou até silenciadas - como o homossexualismo , por exemplo, que de "assunto proibido" tornou-se objeto de ampla discussão por ter sido abordado em novelas. Outros temas, como os direitos da mulher , o preconceito racial, a violência e os direitos dos portadores de necessidades especiais , tornam-se objetos de discussão pela população porque as telenovelas os colocam em pauta . Pode-se dizer que as discussões são superficiais e não levam a uma crítica mais ampla da sociedade; entretanto, elas são importantes pelo simples fato de trazerem à luz aqueles temas , pois é melhor falar sobre eles do que ficar em silêncio. Janine Ribeiro deixa claro , também , que há alguns assuntos que as novelas não discutem , como as questões sociais, a desigualdade de classes e o autoritarismo do patrão sobre o empregado. São problemas que ainda não conseguimos resolver nem discutir , e não interessa às empresas de comunicação que isso seja feito. Como as relações de desigualdade estão internalizadas no imaginário popular , os espectadores , que muitas vezes agem da mesma forma , passam até achar agradáveis e positivas as personagens autoritárias e despóticas , tomando a afirmação da desigualdade como algo natural. Isso fica evidenciado de modo muito claro quando se trata de relações entre patrão e empregado. E qual seria a alternativa para melhorar pelo menos um pouco a programação da televisão? Uma possibilidade estaria na criação de mecanismos de democratização dos meios de comunização , de modo que não houvesse uma concentração tão grande nas mãos de poucos. No caso da televisão , um dos caminhos seria a concessão de canais para centrais sindicais, Organizações Não Governamentais (ONGs) e outras instituições de caráter público que pudessem  transmitir informação e cultura, pulverizando as transmissões no Brasil. Quanto aos excessos da programação- de sensacionalismo, de informações tendenciosas , de baixa qualidade dos programas , de manipulação do público , de violência - , muitos pensam que a solução seja a censura. Mas quem define o que é excesso ? A história tem comprovado que censurar não é o caminho. Para Janine Ribeiro, o essencial é a formação de um público crítico. E a própria televisão pode colaborar nesse sentido, como ele destaca no trecho de seu livro.


A Importância de Reciclar O Alumínio

Atualmente , milhões de toneladas de alumínio são gastas no mundo inteiro para fabricar recipientes ("latas") de refrigeran...