Na maioria dos países europeus no final do século XVIII, a burguesia comercial , formada basicamente por comerciantes e banqueiros , tornou-se uma classe com muito poder , na maior parte das vezes , por causa das ligações econômicas que mantinha com os monarcas. Essa classe , além de sustentar o comércio entre os países europeus , estendia seus tentáculos a todos os pontos do globo, comprando e vendendo mercadorias , tornando o mundo cada dia mais europeizado. O capital mercantil se estendia também a outro ramo de atividade: gradativamente se organizava a produção manufatureira. A compra de matérias-primas e a organização da produção por meio do trabalho domiciliar ou do trabalho em oficinas levavam ao desenvolvimento de um novo processo produtivo em contraposição ao processo artesanal e das corporações de ofício. Ao se desenvolver a manufatura , os organizadores da produção passaram a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção , visando produzir mais com menos gente, aumentando significativamente os lucros. Para tanto , procuraram investir nos "inventos", isto é , financiar a criação de máquinas que pudessem ter aplicação no processo produtivo. Foram criadas , nesse contexto , as máquinas a vapor e de outros tantos inventos destinados a aumentar a produtividade do trabalho. Desenvolveu-se então o fenômeno que veio a ser chamado de maquinofatura. O trabalho que os homens realizavam com as mãos ou com ferramentas passou, a partir de então, a ser feito por meio de máquinas , elevando muito o volume da produção de mercadorias. A presença da máquina a vapor , que poderia mover outras tantas máquinas, incentivou o surgimento da indústria construtora de máquinas , que , por sua vez , incentivou toda a indústria voltada para a produção de ferro e, posteriormente, de aço. É interessante lembrar que já no final do século XVIII produziam-se ferro e aço com a utilização do carvão mineral. Nesse contexto de profundas alterações no processo produtivo , cada vez mais o trabalho mecânico convivia com o trabalho artesanal. A maquinofatura se completava com o trabalho assalariado , incluindo a utilização , numa escala crescente , da mão de obra feminina e da infantil. Ao mesmo tempo, longe da Europa , intensificava-se a exploração do ouro no Brasil, da prata no México e do algodão na América do Norte e na Índia . Todas essas atividades eram desenvolvidas com a utilização do trabalho escravo ou servil . Esses elementos , conjugados , asseguravam as bases do processo de acumulação necessário para a expansão da indústria na Europa. Todas essas mudanças , somadas à herança cultural e intelectual do século XVII, definiram o século XVIII como um período explosivo. Se no século anterior a Revolução Inglesa determinou novas formas de organização política , foi no XVIII que a Revolução Americana e a Revolução Francesa alteraram o quadro político e social do Ocidente , servindo de exemplo e parâmetro para as revoluções posteriores. As transformações na esfera da produção, a emergência de novas formas de organização política e a exigência da representação popular deram características muito específicas a esse século. Pensadores como Montesquieu (1689-1755), David Hume (1711-1776) , Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) , Adam Smith (1723-1790) e Immanuel Kant (1724-1804) , entre outros, refletiram sobre a realidade, na tentativa de explicá-la.
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