A Importância de Reciclar O Alumínio



Atualmente , milhões de toneladas de alumínio são gastas no mundo inteiro para fabricar recipientes ("latas") de refrigerantes , cervejas , água e outras bebidas. a utilização do alumínio nesse tipo de indústria deve-se principalmente ao fato de ele ser leve, não-tóxico, inodoro , insipido e um bom condutor de calor , o que permite ao líquido contido nessas "latas" ser resfriado rapidamente. O grande inconveniente da utilização do alumínio para esse fim é que anualmente milhões de toneladas desse metal vão para o lixo , causando , além da sujeira no meio ambiente , um significativo desperdício para a sociedade de consumo. Não podemos nos esquecer também de que o alumínio é extraído a partir de um recurso finito , que é o mineral bauxita. Sem dúvida , a melhor solução para resolver esses problemas causados pelo desperdício das "latinhas" de alumínio é a reciclagem. A seguir , faremos uma comparação da energia consumida para produzir alumínio a partir da bauxita e da energia gasta para reciclar o metal a partir de tais "latinhas". Numa primeira etapa, o mineral bauxita , que normalmente se encontra contaminado com óxidos de titânio , silício e ferro , requer um tratamento inicial , que consiste em várias etapas até que se obtenha a alumina pura (AI23(s)). É partir da alumina que se inicia o processo de obtenção do alumínio por meio do processo de Héroult-Hall , que pode ser descrito usando a equação:

2 AL2O3(s) + 3 C(s) - 4 AL(1) + 3 CO2(g)

Esse processo ocorre a uma temperatura de 1.000ºC, apesar de usar um fundente (criolita) com a finalidade de diminuir a temperatura de fusão de bauxita. Por meio de cálculos matemáticos , é possível determinar a quantidade de energia elétrica consumida para se produzir 1 mol (27 g) de alumínio a partir da bauxita . Esse valor corresponde a 297 kj. Para que o alumínio seja reciclado a partir das "latinhas" , basta inicialmente aquecer o referido metal até a temperatura atingir seu ponto de fusão , que corresponde a 660ºC. Por meio de cálculos matemáticos , é possível determinar a quantidade de energia elétrica consumida para reciclar 1 mol (27 g) de a partir das "latinhas". Esse valor corresponde a 26,1 kl. Assim, a anergia gasta na reciclagem de 1 mol de alumínio é cerca de 9% da energia gasta na produção de 1 mol de alumínio a partir do minério. A conclusão a que chegamos é de que reciclar alumínio a partir das "latinhas" poupa em torno de 91% da energia gasta  para produzir esse metal através do processo eletrolítico. Hoje em dia , no Brasil, a maior parte do alumínio usado nas "latinhas" é posteriormente reciclada.


Material de Vidro Para a Medida de Volume


Existem no comércio alguns produtos em pó que, dissolvidos em água , constituem o refresco . Na embalagem desses produtos há uma orientação sobre a quantidade de água que deve ser usada para dissolver todo o conteúdo da embalagem , a fim de obter um refresco de sabor "agradável". Ao preparar um refresco estamos fazendo uma solução. Usando muita água , o refresco fica "fraco" , ou "aguado".; Usando pouca água , o refresco fica "forte" . Percebemos que, para uma mesma quantidade do pó (que é o soluto), há uma quantidade adequada de água que permite obter o resultado desejado. No refresco com o sabor desejado , há uma determinada concentração do soluto . No refresco "aguado", essa concentração é menor , e no refresco "forte" ela é menor. No caso do refresco , é interessante que a concentração da solução seja igual ou próxima da sugerida pelo fabricante. Nos laboratórios, ao trabalhar com soluções , existe frequentemente a necessidade de conhecer a concentração do soluto numa certa solução. Por esse motivo , além de determinar a massa de solutos , há também a necessidade de medir com precisão o volume de líquidos. Nos laboratórios , há vários equipamentos de vidro com indicações de volume , mas nem todos com a mesma precisão . O béquer  e o erlenmeyer são pouco precisos ; apejas fornecem medidas aproximadas de volume . A proveta , é um pouco menos imprecisa que o béquer e o erlenmeyer , fornecendo medidas razoáveis para procedimentos que não exijam precisão muito grande. A bureta, é instrumento de maior precisão que a proveta e é útil para medir o volume de solução adicionando a um frasco. Ela é usada num procedimento denominado "titulação". A pipeta volumétrica  e o balão volumétrico estão entre os equipamentos usuais de maior precisão para medir o volume de líquidos , A pipeta volumétrica apresenta um traço de calibração *ou aferição) feito numa dada temperatura que vem escrita no instrumento . O traço permite medir, na temperatura em questão, aquele volume fixo de líquido com boa precisão. A pipeta volumétrica é muito útil no procedimento denominado diluição. O balão volumétrico também possui um traço de calibração , feito numa certa temperatura. Assim como a pipeta volumétrica , esse balão permite medir com boa precisão , nessa temperatura , um dado volume de líquido . Num laboratório  costuma haver balões volumétricos de várias capacidades, alguns dos mais comuns são de 50 ml, 250 ml, 500 ml, 1.000 ml e 2.000 ml.  


Expressando a Concentração de Soluções



Quando você coloca um pouco de açúcar na água e mexe até obter uma só fase , está fazendo uma solução. O mesmo acontece se você adicionar um pouquinho de sal à água e misturar bem. Solução é o nome dado a qualquer mistura homogênea. Podemos usar o verbo "dissolver" para nos referimos ao ato praticado por uma pessoa ao fazer uma solução. Uma frase como " eu dissolvi o açúcar em água" exemplifica esse uso. Outro modo de estar o verbo "dissolver" é aplicá-lo a uma substância, a fim de expressar a propriedade que a substância tem de misturar-se a outra, originando uma solução . Numa frase como "a água dissolve o açúcar" , temos um exemplo desse tipo de uso. Quando uma substância é capaz de dissolver outra , costumamos chamá-la de solvente. Assim , por exemplo , a água é um solvente para o açúcar , para o sal, para o álcool e para várias outras substâncias. A substância que é dissolvida num solvente , a fim de fazer uma solução , é denominada soluto.  Se uma solução é preparada com o solvente água , dizemos que é uma solução aquosa. Ao dissolver açúcar em água , por exemplo , obtemos uma solução aquosa de açúcar , na qual a água é o solvente e o açúcar é o soluto. São inúmeras as soluções presentes em nosso cotidiano , principalmente as soluções aquosas. Entre os exemplos destas últimas , temos os sucos de frutas, os refrigerantes (desconsiderando as bolhas de gás eventualmente presentes), a saliva , o plasma sanguíneo , a urina , a água da chuva e até mesmo a água potável. Observe atentamente os rótulos das garrafas de água mineral e de outros produtos . Você perceberá que eles costumam informar quais os componentes da solução aquosa e quais as concentrações de cada um.


Concentração de Soluções



Os muitos materiais com que tomamos contato em nosso dia-a-dia raramente são substâncias puras. Geralmente , são misturas de duas ou mais substâncias. As misturas podem ser fundamentalmente divididas em dois tipos: as heterogêneas (que apresentam duas ou mais fases,. ou seja, porções com propriedades distintas) e as homogêneas (que apresentam uma única fase, ou seja, têm as mesmas propriedades em todos os seus pontos). As misturas homogêneas são também denominadas soluções. As propriedades de uma solução não dependem apenas dos seus componentes , mas também da proporção entre as quantidades desses componentes. Por exemplo , se você misturar uma colherada de açúcar em um copo de água e mexer bem, obterá uma solução aquosa de açúcar. Uma das propriedades dessa solução é o seu sabor doce. Se, em outro experimento , você mistura três colheradas de açúcar em um copo de água e mexer bem , também obterá uma solução aquosa de açúcar. Esta última apresenta , contudo , um sabor mais doce que a primeira. Em linguagem química , dizemos que essa segunda solução é mais concentrada , ou seja, apresenta uma maior concentração de açúcar. E a primeira delas é menos concentrada , ou mais diluída. Este capítulo destina-se a abordar alguns modos para expressar matematicamente a concentração de soluções . Destina-se , também, . a discutir a diluição de soluções, técnica que permite obter soluções menos concentradas a partir de outras , mais concentradas.     


Civilização E Costumes Medievais



"[...] A 'civilização' que estamos acostumados a considerar como uma posse que aparentemente nos chega pronta e acabada, sem que perguntemos como viemos a possuí-la , é um processo ou parte de um processo em que nós mesmos estamos envolvidos. [...] A idade Média deixou-nos grande volume de informações sobre o que era considerado comportamento socialmente aceitável. Nesse particular , preceitos sobre a conduta às refeições também tinham importância muito especial. Comer e beber nessa época ocupavam uma posição muito mais central na vida do que hoje, quando propiciavam - com frequência- embora nem sempre - o meio e a introdução às conversas e ao convívio. [...] Nas casas dos mais ricos , os pratos são em geral tirados de um aparador , embora , frequentemente, sem nenhuma ordem especial. Todos tiram- ou mandam tirar - o que lhes agrada no momento. As pessoas se servem em travessas comuns. Os sólidos (principalmente a carne) são pegados com a mão e os líquidos com conchas ou colheres. Mas sopas e molhos ainda são frequentemente bebidos levando-se à boca os pratos ou travessas. Durante muito tempo, além disso, não houve utensílios especiais para diferentes alimentos. Eram usadas as mesmas facas e colheres. E também os mesmos copos . [...] ao final da Idade Média , o garfo surgiu como utensílio para retirar alimentos da travessa comum. Nada menos que uma dúzia de garfos são encontrados entre os objetos de valor de Carlos V. Já o inventário de Carlos de Savóia,  muito rico  em utensílios opulentos de mesa , menciona um único garfo. No século XI, um doge de Veneza casou-se com uma princesa grega. No círculo bizantino da princesa o garfo era evidentemente usado. De qualquer modo , sabemos que ela levava o alimento à boca 'usando um pequeno garfo de ouro de dois dentes'. Este fato, porém , provocou um horrível escândalo  em Veneza. A novidade foi considerada um sinal tão exagerado de refinamento que a dogaresa recebeu severas repreensões dos eclesiásticos  , que invocaram para ela a ira divina. Pouco depois, ela foi acometida de uma doença repulsiva e São Boaventura não hesitou em declarar que isto foi um castigo de Deus. Não obstante , a atitude que acabamos de descrever no tocante à 'inovação do garfo demonstra algo com especial clareza. As pessoas que comiam juntas na maneira costumeira na Idade Média , pegando a carne com os dedos na mesma travessa, bebendo vinho no mesmo cálice, tomando a sopa na mesma sopeira ou prato fundo, [...] tinham entre si relações diferentes das que hoje vivemos. E isto envolve não só o nível de consciência , clara , racional, pois sua vida emocional revestia-se também de uma diferente estrutura e caráter. Suas emoções eram condicionadas a formas de relações e conduta que , em comparação com os atuais padrões de condicionamento, parecem-nos embaraçosas ou pelo menos sem atrativos. O que faltava nesse mundo courtois [...] era a parede invisível de emoções que parece hoje se erguer entre um corpo humano e outro, repelindo e separando, a parede que é frequentemente perceptível à mera aproximação de alguma coisa que esteve em contato com a boca ou as mãos de outra pessoa, e que se manifesta como embaraço à mera vista de muitas funções corporais de outrem, e não raro à sua mera menção, ou como um sentimento de vergonha quando nossas próprias funções são expostas à vista de outros , em absoluto apenas nessas ocasiões".

Elias, Norbert . O processo civilizador, São Paulo: Jorge Zahar, 1995. V.1. P. 73.82.



A Produção Social do Conhecimento


Todo conhecimento se desenvolve socialmente. Se quisermos conhecer e compreender como pensavam as pessoas de determinada época , precisamos saber em que meio social elas viveram, pois o pensamento de um período da história é criado pelos indivíduos em grupos ou classes, reagindo e respondendo a situações históricas de seu tempo. Se quisermos saber por que os indivíduos , grupos e classes pensam de determinada forma, porque explicam a sociedade deste ou daquele ponto de vista , precisaremos entender como os membros dessas sociedades se organizaram e se organizam para suprir suas necessidades , relacionar-se e discutir as questões que envolvem as relações sociais , as normas , os valores , os costumes , as tradições e a religiosidade. Ou seja , devermos entender como são criadas as instituições sociais , políticas e econômicas que permitem certa estabilidade social. Na maioria das sociedades , há indivíduos e grupos que defendem a manutenção da situação existente , o status quo, porque este atende a seus interesses. Assim , procuram apoiar e desenvolver formas de explicação da realidade que justifiquem a necessidade de conservar a sociedade tal como está. Há pessoas , entretanto , que querem mudar a situação existente , pois não pensam que a sociedade à qual pertencem é boa para eles e para os outros. Tais pessoas procuram explicar a realidade social destacando os problemas dela e as possibilidades de mudança para uma forma de organização que assegure mais igualdade entre os indivíduos. Aqueles que querem manter a situação existente normalmente são os que detêm o poder na sociedade; aqueles que lutam para mudá-la são os que estão em situação subalterna. Além do conflito no campo político e econômico , há um conflito de ideias entre os diferentes grupos sociais. Mas as ideias e formas de conhecimento nunca são radicalmente opostas; elas coincidem em alguns poucos e em outros não, é é isso que mantém aberta a possibilidade de diálogo. A Sociologia é uma dessas formas de conhecimento, resultado das condições sociais , econômicas e políticas do tempo em que se desenvolveu. Ela nasceu em resposta à necessidade de explicar e entender as transformações que começaram a ocorrer no mundo ocidental entre o final do século XVIII e o início do século XIX, decorrentes da emergência e do desenvolvimento da sociedade capitalista. Naquela época , a produção de alimentos e de objetos artesanais , que se concentrava no campo, passou a se deslocar para as cidades , onde começavam a se desenvolver as indústrias. Essa mudança desencadeou importantes transformações no modo de vida dos diferentes grupos sociais , afetando as relações familiares e de trabalho. Aos poucos , as normas e valores se estruturariam em novas bases , menos religiosas , estimulando o desenvolvimento de novas ideias. Grandes transformações políticas também ocorreram , no contexto do que se chama de Revolução Industrial , impulsionadas por movimentos como os da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa. Procurando entender essas transformações e mostrar caminhos para a resolução dos problemas por elas gerados , muitos pensadores escreveram e divulgaram suas teorias sobre a sociedade anterior e sobre a constituição da nova sociedade , que estava vivendo tantas incertezas. Criaram-se assim as bases sobre as quais a Sociologia viria a se desenvolver como uma ciência específica. Entre o fina do século XIX e início do século XX, os estudiosos que mais iriam influenciar o posterior desenvolvimento da Sociologia concentravam-se fundamentalmente em três países : França, Alemanha e Estados Unidos. Na França , vários autores desenvolveram trabalhos sociológicos importantes; entre eles , Fréderic Le Play (1806-1882) , René Worms (1869-1926) e Gabriel Tarde  (1843-1904) . O mais expressivo deles, porém , foi Émile Durkheim (1858-1917), que procurou sistematicamente definir o caráter científico da Sociologia , inaugurando uma corrente que por muito tempo seria hegemônica entre os sociólogos franceses. Na Alemanha , destacaram-se os estudos de George Simmel (1858-1918) , Ferdinand Tonnies (1859-1936) , Werner Sombart (1863-1941) , Alfred Weber (1868-1958) e Max Weber (1864-1920), este último o mais conhecido deles, pela extensão e influência de sua obra. Nos Estados Unidos da América , a Sociologia desenvolveu-se desde o final do século XIX e início do XX nas universidades de Chicago , de Colúmbia e de Harvard , principalmente . Muitos foram os sociólogos que se destacaram; entre eles , Robert E. Park (1864-1944) e George H. Mead (1863-1932). No decorrer do século XX, a Sociologia tornou-se uma disciplina mundialmente reconhecida .  Os Sociólogos estão presentes não só nas universidades , mas também nos meios de comunicação, discutindo questões específicas ou gerais que envolvem a vida em sociedade. Os mais destacados, independentemente do país de origem , ministram cursos e conferências em centros universitários de todos os continentes e têm seus livros traduzidos em muitos idiomas . No Brasil, a sociologia tem alcançado uma visibilidade muito grande, seja por causa da presença em todo território nacional de institutos de pesquisa social ou cursos de graduação e de pós-graduação, seja pela atuação de sociólogos em muitos órgãos públicos e privados ou nos meios de comunicação de massa. Assim, a Sociologia e os sociólogos estão presentes no cotidiano do país. 


A Luta Por Direitos Civis, Políticos e Sociais



Após a proclamação da República surgiram vários movimentos que procuravam criar espaços de participação política. Os movimentos de trabalhadores sempre estiveram à frente desse processo, principalmente na luta por melhores salários e condições de trabalho . Outras lutas foram desenvolvidas , mas sempre reprimidas , pois a questão dos direitos , por muito tempo, foi vista como um caso de polícia ou uma concessão por parte dos poderosos ou do Estado . Somente nos últimos anos os movimentos sociais tiveram espaços institucionais , quer por meio de leis, quer mediante organizações que lutam pela garantia dos direitos. Somente quando a maioria da população tiver educação de qualidade , condições de se alimentar adequadamente e condições decentes de vida social, poderemos ter democracia no Brasil. Enquanto isso, temos uma democracia "capenga".


Max Weber , o Indivíduo e a Ação Social


O alemão Max Weber (1864-1920) , diferentemente de Durkheim , tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações . Por que as pessoas tomam determinadas decisões? Quais são as razões para seus aos? Segundo esse autor , a sociedade existe concretamente , mas não é algo externo e acima das pessoas , e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim, Weber , partindo do indivíduo e de suas motivações, pretende compreender a sociedade como um todo. O conceito básico para Weber é o de ação social , entendida como o ato de se comunicar , de se relacionar , tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. "Outros" , no caso, pode significar tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos . Como o próprio Weber exemplifica , o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros tantos , conhecidos  ou não, estejam dispostos a também aceitá-lo como elemento de troca.  Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. Ele dá um exemplo: quando estão caminhando na rua e começa a chover , muitas pessoas abrem seus guarda-chuvas ao mesmo tempo. A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais , mas sim pela necessidade de proteger-se da chuva. Weber também diz que a ação social não é idêntica a uma ação influenciada , que ocorre muito frequentemente nos chamados fenômenos de massa. Quando há uma grande aglomeração, quando se reúnem muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por comportamentos grupais, isto é , fazem determinadas coisas porque todos estão fazendo. Max Weber , ao analisar o modo como os indivíduos agem e levando em conta a maneira como eles orientam suas ações , agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos , a saber : a ação tradicional , ação afetiva , ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins. A ação tradicional tem por base um costume arraigado , a tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase automaticamente , reagindo a estímulos habituais. Expressões como "Eu sempre fiz assim " ou "Lá em casa sempre se faz deste jeito" exemplificam tais ações. A ação afetiva tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesma. Age efetivamente quem satisfaz suas necessidades , seus desejos , sejam eles de alegria, de gozo , de vingança , não importa. O que importa é dar vazão às paixões momentâneas. Age assim aquele indivíduo que diz: "Tudo pelo prazer" ou "O principal é viver o momento". A ação racional com relação a valores fundamenta-se em convicções , tais como o dever , a dignidade , a beleza , a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja gênero , sem levar em conta as consequências previsíveis. O indivíduo age baseado naquelas convicções e crê que tem certo "mandado" para fazer aquilo. Se as consequências forem boas ou ruins , prejudiciais ou não, isso não importa , pois ele age de acordo com aquilo em que acredita. Age dessa forma o individuo que diz : "Eu acredito que a minha missão aqui na Terra é fazer isso" ou "O fundamental é que nossa causa seja vitoriosa".  A ação racional com relação a fins fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. Nesse tipo de ação, o indivíduo pensa antes de agir em uma dada situação. Age dessa forma o indivíduo que programa , pesa e mede as consequências , e afirma : " Se eu fizer isso ou aquilo, pode acontecer tal ou qual coisa; então, vamos ver qual é a melhor alternativa" ou "creio que seja melhor conseguir tais elementos para podermos atingir aquele alvo , pois , do contrário, não conseguiremos nada e só gastaremos energia e recursos". Para Weber , esses tipos de ação social não existem em estado puro , pois os indivíduos , quando agem no cotidiano , mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São "tipos ideais" , construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a realidade. Como se pode perceber , para Weber , ao contrário do que defende Durkheim , as normas , os costumes e as regras sociais não são algo externo ao indivíduo , mas estão internalizados , e , com base no que traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e comportamentos , dependendo das situações que se lhe apresentam. Assim, as relações sociais consistem na probabilidade de que se aja socialmente com determinado sentido, sempre numa perspectiva de reciprocidade por parte dos outros.


Saint-simon e a Nova Ciência Dos Fenômenos Sociais


Claude-Henri de Rouvroy- Conde de Saint-Simon - , apesar de pertencer à nobreza , avaliava que o Antigo Regime estava corrompido e não podia durar muito mais. Durante a Revolução Francesa, renunciou ao título de conde e adotou o nome plebeu Claude Henri Bonhomme. Saint-Simon via a história como um sucessão de épocas críticas (momentos de crise) e épocas orgânicas (assentadas em crenças e valores bem estabelecidos). Defendia a ideia de que o apogeu de um sistema coincidia com o início de sua decadência e apontava três épocas orgânicas na história ocidental: a Antiguidade greco-romana, seguida pela época crítica das invasões bárbaras; a Idade Média , seguida pela época crítica do Renascimento até a Revolução Francesa , e a era industrial , que já se podia vislumbrar. Saint-Simon detectava a existência de duas grandes classes em sua época e na sociedade francesa em particular : a dos ociosos (a a realeza , a aristocracia e o clero, os militares e a burocracia que administrava a estrutura dos que nada produziam) e a dos produtores ou industriais (cientistas , engenheiros , médicos, banqueiros, comerciantes , industriais , artesãos , lavradores , trabalhadores braçais , enfim , todos os cidadãos úteis para o desenvolvimento da França). Para que a sociedade pós-revolucionária na França se firmasse seria necessário que a ciência tomasse o lugar da autoridade da Igreja , formando-se assim uma nova elite , agora científica. A ciência deveria substituir a religião como força de coesão. Os cientistas substituiriam os clérigos e os industriais , senhores feudais . A aliança dos cientistas com os industriais conformaria a nova classe dirigente. Mas deveriam estar na direção apenas os mais capazes em cada campo.  E seriam chamados por saber mais da sociedade: os cientistas porque a estudavam e os industriais porque , pela prática , sabiam o que funcionava melhor. Desde 1803 Saint-Simon escreveu uma série de livros em que professava sua confiança no futuro da ciência e buscava uma lei que guiasse a investigação dos fenômenos sociais, tal como a lei gravitacional de Newton em relação aos fenômenos naturais. A nova ciência teria como principal tarefa descobrir as leis do desenvolvimento social , pois elas poderiam indicar para a sociedade o caminho do progresso continuado. Entre seus escritos, destaca-se : Reorganização da Sociedade Europeia (com Augustin Thierry, 1814) , A Indústria ou Discussões Políticas , Morais e Filosóficas no interesse de todos os homens livres e trabalhadores úteis e independentes (1816-1817), O Organizador (1819), O Sistema Industrial (1821-1823), O Catecismo dos Industriais (1822-1824) e Novo Cristianismo (1824).  


Aspectos Citológicos da Fecundação


O encontro dos espermatozoides com o óvulo pode ocorrer na água (fecundação externa) ou no interior do organismo da fêmea (fecundação interna). Mas, na realidade , a fecundação só ocorre quando um espermatozoide penetra no interior do óvulo , atravessando-lhe a membrana vitelina. A partir daí , há a fusão dos núcleos de ambos os gametas. Em animas de fecundação externa, os espermatozoides são atraídos pelo óvulo graças a substâncias eliminadas por este último , num fenômeno de quimiotactismo positivo. Gamonas, fertilizinas e antifertilizinas são nomes que se atribuem a supostas substâncias que agem neste mecanismo. Nos animais vivíparos , nos quais se observa a fecundação interna, os espermatozoides lançados no interior da vagina sobem à procura do óvulo em função da sua grande atividade flagelar e da circunstância de estarem num conduto que não lhes oferece outras opções de direção. Na espécie humana, por exemplo, é facilmente comprovável a inexistência de qualquer quimiotactismo , uma vez que os gametas masculinos sobem por ambas as trompas em igual número , ainda que possa ocorrer um óvulo livre em uma delas apenas (às vezes nem mesmo houve ovulação) . Entretanto , parece bem provável que existam substâncias na membrana do gameta feminino que facilitam a imediata aderência do microgameta (gameta masculino) ao menor toque deste na superfície daquele . Na fecundação humana, observamos alguns aspectos interessantes para comentar. Por que tão elevado número de espermatozoides numa ejaculação (de 200 milhões a 300 milhões ) se apenas um único deverá fecundar o óvulo? O esperma é depositado na vagina, cujo PH é ácido. Numerosos espermatozoides morrem ainda na vagina em consequência da acidez do meio. Muitos , contudo, penetram o colo do útero . Mas , neste , há sempre uma secreção viscosa - o muco cervical -, que retém outro grande número de microgametas. Os espermatozoides que vencem essa segunda barreira caminham pela mucosa franjada do útero ( o que torna o caminho muito mais longo) até encontrarem as entradas das trompas de Falópio. O número deles é consideravelmente menor. Agora, eles deverão subir pelas trompas , dividindo o contingente restante em dois grupamentos menores. Cada grupo deverá enfrentar o peristaltismo e o movimento ciliar metacrônico de cima para baixo , que caracterizam as trompas ou ovidutos. Será um heróico  "nadar contra a maré montante". Um grupo bem pequeno daqueles minúsculos nadadores conseguirá chegar ao macrogameta (óvulo). E quando isso acontecer , eles terão a surpresa de encontrá-lo rodeado pela corona radiata . Será preciso que se desfaça a corona radiata a fim de que a membrana vitelina do óvulo se exponha à penetração. Então, aqueles que conseguiram rodear o gameta feminino passam a liberar a hialuronidase, enzima acumulada no acrossomo e destinada a esse fim. Essa enzima faz a hidrólise do ácido hialurônico, substância que age como uma "cola ", ligando as células da corona radiata . Assim, a corona radiata se desfaz e o óvulo fica desnudo. Se o número inicial de espermatozóides não fosse tão grande , certamente todos esses obstáculos descritos seriam suficientes para impedir a chegada de qualquer gameta masculino ao óvulo. O primeiro espermatozoide que toca a superfície do óvulo adere a ela e é imediatamente "sugado" para o interior da grande célula. Ele pode entrar com seu flagelo ou desprendê-lo antes. Na primeira condição , a sua cauda será destruída e eliminada posteriormente . O importante , entretanto, é que , logo após a entrada do gameta masculino , o óvulo que ainda é um oócito secundário, não se esqueça disso!) sofre certa perda de substância , diminuindo de volume . Sua membrana envoltora se enruga, desgrudando-se da zona de pelúcida e aumentando o espaço entre ambas - o espaço perivitelino. A membrana ovular assim modificada recebe o nome de membrana de fecundação , e é o que impede a entrada de outros espermatozóides. A penetração de um único espermatozóide no óvulo caracteriza a monospermia. Mas existem casos em que dois ou mais espermatozóides penetram a um só tempo no óvulo. Isso constitui a polispermia. Em tal circunstância, apenas o núcleo de um deles vai juntar-se ao do óvulo. Os demais vão degenerar e desaparecer . Veja bem : a polispermia nada tem a ver com a formação de gêmeos , o que erá estudado mais adiante. Já no interior do oócito secundário (que , impropriamente , vinhamos chamando de óvulo , porque está generalizada essa forma de referência ao macrogameta imaturo) , o espermatozóide solta a sua cauda; o seu núcleo cresce transformando-se num pronúcleo masculino, e entre os seus centríolos forma-se um fuso mitótico que passa a orientar o pronúcleo masculino para o encontro com o núcleo feminino. A essa altura , o oócito secundário já desprendeu o 2ª glóbulo polar e se tornou efetivamente um óvulo. O seu núcleo é , então, chamado pronúcleo feminino. os pronúcleos masculinos e feminino ambos haplóide) juntam-se formando um núcleo único diplóide . Esse fenômeno , etapa final da fecundação , é a anfimixia. A nova célula formada , de constituição diplóide , é a célula-ovo ou zigoto . Assim, está terminada a fecundação . Habitualmente , a fecundação ocorre , na espécie humana , ao nível do terço externo de uma as trompas de Falópio . Mas pode ocorrer em outros sítios da trompa ou até mesmo na superfície do ovário , imediatamente após a ovulação. Quando ocorre a fecundação , o zigoto se segmenta em numerosas células formando um ovo, que desce até o útero , em cuja e implanta. Quando não há a fecundação , o óvulo resiste de 48 a 72 horas e , depois , degenera e e desintegra. Quando a menstruação aparece, muitos dias depois , já não há mais qualquer vestígio do óvulo.


Embriogênese Humana


A gastrulação nos mamíferos segue outros caminhos diferentes daquele que observamos na gastrulação do anfioxo. A blástula ou blastocisto apresenta uma camada envoltora de células , aqui chamada de trofoblasto , sustentando dos pólos um amontoado de blastômeros , que é o embrioblasto , o qual faz proeminência para a cavidade central ou blastocele. O trofoblasto deverá originar a placenta . O embrião e demais anexos embrionários surgirão a partir do embrioblasto. Na espécie humana , a mórula desce pela trompa de Falópio e vai absorvendo líquidos. Dessa maneira , transforma-se progressivamente em blastocisto, Esta chega à cavidade uterina e encontra o endométrio aumentado de espessura por ação estradiol e da progesterona produzidos pelos ovários . O trofoblasto , então, segrega e elimina enzimas proteolíticas que digerem uma pequena porção do endométrio , originando uma minúscula cavidade, onde penetra todo o blastocisto. Esse fenômeno é conhecido como nidação do ovo (do espanhol "nido", 'ninho'). Esse fato ocorre entre quatro e cinco dias após a fecundação . Em seguida , o endométrio se cicatriza por cima do blastocisto , deixando-o "incrustado" ou "embutido" na sua estrutura . Por proliferação , as células do trofoblasto vão formando cordões celulares que se infiltram pelo endométrio. Surgem , assim , as vilosidades criais, que posteriormente , definirão a placenta. Nas vilosidades coriais se distinguem duas camadas : o sinciciotrofoblasto , uma massa de citoplasma contínuo dotadas de membrana envoltora e de contornos visíveis. Enquanto isso, no embrioblasto as células se organizam em duas camadas - o ectoderma , mais para fora , e o endoderma , mais internamente. Estas duas camadas justapostas têm um contorno têm um contorno discoidal e constituem o disco embrionário , primeira etapa da formação do embrião. Esse disco fica separando duas cavidades, a vesícula amniótica e a vesícula vitelina. vamos dar o devido destaque ao seguinte: a gástrula, nos mamíferos , não se forma por embolia , isto é , invaginação de um pólo de blástula, como acontece com o anfioxo e grande número de animais, Ela se forma por epibolia , ou seja, proliferação mais rápida das células do ectoderma em relação ás células do endoderma , obrigando o disco embrionário a se recurvar e tomar a forma de um balão. Além disso, ela se forma dentro do blastocisto e não a partir dele. Vimos como se forma o mesoderma em animais inferiores. Mas esse processo é diferente nos vertebrados. Considere a gástrula como um balão- charuto . Naturalmente , a boca desse balão - o blastóporo - se localiza , mais ou menos , na região mediana da face inferior dessa figura. Agora , imagine que, no dorso desse balão que é constituído ainda de duas camadas : ectoderma e endoderma ), a camada mais externa faça um sulco longitudinal próximo à região posterior. Esse sulco - sulco embrionário primitivo -, que surge no dorso da gástrula didérmica, aprofunda-se numa fenda cujos bordos mergulham e se insinuam entre o ectoderma e o endoderma. As células ectodérmicas formam, então, bolsas laterais, que proliferam entre dois folhetos iniciais e vão formando progressivamente o mesoderma. Logo, o mesoderma , nos mamíferos , tem origem ectodérmica e não endodérmica , como vimos antes, na embriogênese do anfioxo .Embora os processos de formação da gástrula tridérmica sejam diferentes entre animais inferiores e animais superiores , depois e formada ela tem uma aparência inicial comum para ambos os tipos de organismos. 


As Bases da Hereditariedade


O termo genética foi aplicado pela primeira vez pelo biologista inglês William Bateson (1861-1926) para definir oramo das ciências biológicas que estuda e procura explicar os fenômenos relacionados com a hereditariedade. A hereditariedade, por sua vez, pode ser conceituada como o fenômeno que justifica as sensíveis semelhanças entre ascendentes e descendentes. Nos séculos passados, foram numerosas as tentativas dos filósofos e cientistas de encontrar uma interpretação satisfatória dos mecanismos de herança pelos quais os caracteres físicos e funcionais se transmitem de pais a filhos. Uma das hipóteses mais antigas registradas na história da Biologia foi a da pré-formação ou progênese . Ele admitia que , no interior dos gametas , já existisse uma microscópica miniatura de um novo indivíduo . Essa minúscula criatura de um novo indivíduo. Essa minúscula criatura, que recebeu o nome e homúnculo , deveria crescer , após a fecundação , até originar um organismo com as dimensões próprias da espécie . No século XVIII, os adeptos dessa hipótese dividiam-se em espermistas e ovistas , conforme acreditassem na presença do homúnculo nos espermatozoides ou nos óvulos , respectivamente . Houve até quem postulasse a existência dentro do homúnculo de outros homúnculos menores , que comportariam , por sua vez , outros menores ainda , justificando , assim ,a perpetuação da espécie . Só com o aperfeiçoamento do microscópio é que essa hipótese foi definitivamente afastada. No século passado, Charles Darwin (2809-1882) propunha , na Inglaterra , a ocorrência da produção em todos os órgãos do corpo de diminutas cópias dos mesmos - as gêmulas ou pangenes -, as quais seriam levadas pelo sangue até as gônadas , onde se reuniriam para a formação dos gametas . Durante a fecundação , essas gêmulas se organizariam como num jogo de encaixe) e estruturariam um novo organismo. Essa foi a hipótese da pangênese (do grego pan, 'todos' e gênesis , 'origem' ), que explicaria a origem de todos os órgãos , suas formas e funções , de acordo com as semelhanças observadas entre país e filhos. No fim do século passado , Francis Galton (Inglaterra, 1822-1911) sugeria que a herança de desse através do sangue . Criou a !lei de herança ancestral", onde dizia que que o sangue de cada indivíduo seria uma mistura do sangue de seu pai com o sangue de sua mãe numa proporção de meio a meio. Como cada progenitor também traria metade dos caracteres de cada um de seus pais , então o indivíduo tomado como exemplo teria herdado 1/4 dos seus caracteres do sangue de cada um de seus avós, 1/8 de cada bisavô , e assim por diante. Posteriormente , August Weismann (Alemanha , 1834-1914) propôs uma nova hipótese pela qual , durante o desenvolvimento embrionário , as células dividir-se-iam em duas linhagens ou grupos : uma contendo o plasma germinativo e a outra, não. Somente a primeira delas promoveria a expressão dos caracteres hereditários. A hipótese de epigênese , lançada por Karl Ernst  Von Baer (Alemanha , 1792-1876) , foi a que mais se aproximou da realidade , servindo, inclusive , como base para os conhecimentos atuais sobre hereditariedade. Para von Baer, os gametas não traziam nenhuma estrutura do novo ser . Traziam , sim , a potencialidade para fazer com que uma intensa reprodução celular levasse a termo a formação do embrião, com tal distribuição e funcionamento das células que fosse permitido ao novo organismo reproduzir as características dos seus ancestrais. Logo , as características do futuro indivíduo só se determinariam no momento da fecundação , pela combinação" das potencialidade trazidas pelos gametas. Mas essas "potencialidades" não ficariam bem definias nas explicações de von Baer. As conclusões definitivas para explicar satisfatoriamente os mecanismo da herança dos caracteres só vieram á luz com os trabalhos de Johann Mendel , austríaco (1822-1884), que , ao ingressar na Ordem dos Monges Agostinianos, em Altbürnn (atual Brno) , na Tchecoslováquia , adotou o nome de Gregor Mendel. No mosteiro de santo Tomás , de onde foi abade , Mendel fez, durante muitos anos , cruzamentos entre plantas de ervilha (pisum Sativum) e depois realizou criterioso estudo estático das manifestações de alguns caracteres nas numerosas gerações . Devido aos seus notáveis conhecimentos de matemática e à sua engenhosa capacidade de realizar experimentalmente , de forma orientada , os cruzamentos entre ervilhas, Mendel pôde chegar a conclusões corretíssimas que, ainda hoje , mais de um século depois , continuam sendo a base fundamental da genética Moderna. Ainda que seus trabalhos não tenham sido compreendidos e valorizados pelos seus contemporâneos , o tempo levou o mundo científico a reconhecê-lo , 16 anos após a sua morte , como fundador da genética . A habilidade de Mendel confirm-se por dois aspectos fundamentais do seu trabalho : o tipo de material usado e a forma de conduzir a interpretar as suas experiências. Realmente, as ervilhas constituíram um material exemplar , ideal , para a investigação da hereditariedade. Por quê? Porque elas apresentam:

1ª- Cultivo fácil , até em jardim.

2ª-Ciclo reprodutivo curto , dando muitas gerações em pouco tempo.

3ª-Grande número de descendentes em cada reprodução.

4ª-Flores com órgãos reprodutores fechados dentro das pétalas , o que permite a autofecundação , gerando linhagens puras (a fecundação cruzada só ocorre quando é provocada , isto é, quando se deseja).

5ª-  Caracteres bem visíveis e transmitidos por mecanismos simples. 

Na verdade , existem caracteres herdáveis , mesmo em ervilhas , que são transmitidos por mecanismos bem complexos. Se , no seu material de pesquisa , Mendel tivesse deparado com um desses casos, talvez não tivesse chegado a conclusão alguma. Também, se Mendel procurasse desvendar a hereditariedade em organismos de ciclo reprodutor longo (como a espécie humana , por exemplo) , que levam muito tempo para se reproduzir e, além disso, têm proles pequenas , fatalmente não teria condição de avaliar estatisticamente os dados com grande margem de acerto. Por fim , Mendel pesquisou a transmissão de um caráter hereditário de cada vez. Depois que estabeleceu sua 1ª. lei , que rege o monoibridismo simples,ele passou a interpretar a transmissibilidade de dois ou mais caracteres a um só tempo , determinando a sua 2ª lei , que se aplica aos casos de diibridismo , triibridismo e poliibridismo simples.


Pirâmide de Biomassa



A biomassa ou massa orgânica representa a quantidade de matéria orgânica nos ecossistemas ou em cada nível trófico . é importante conhecer a biomassa e cada nível trófico , a fim de saber a quantidade de matéria e de energia disponível em cada nível e avaliar a eficiência nas transferências de um nível para outro. A biomassa é expressa em termos de quantidade de matéria orgânica por unidade de área ou volume em um dado momento. Essa quantidade de matéria orgânica pode ser obtida a partir  do peso úmido , do peso seco ( a matéria orgânica é colocada em estufa para secar , até atingir peso constante ), do peso em carbono ( a matéria orgânica é colocada em mufla - uma estufa com revestimento refratário -, restando apenas as cinzas que correspondem aos minerais não -orgânicos), ou , ainda , de calorias. Supondo um campo rico em gramíneas ,pode-se determinar  a biomassa desses produtores do seguinte modo: colhe-se toda a vegetação em uma área conhecida e coloca-se a vegetação em estufa, para obter o peso seco. O peso seco por unidade de área representa a biomassa do campo , que pode ser expressa em gramas mg2 ou em kg/m2. A forma da pirâmide de biomassa também pode variar , dependendo do ecossistema. De modo geral , a biomassa dos produtores é maior que a de herbívoros , que é maior que a dos carnívoros. Nesses casos, a pirâmide apresenta o ápice voltado para cima. Isso ocorre nos ecossistemas terrestres , onde , em geral , os produtores tem grande e ciclos de vida longos. A pirâmide de biomassa pode apresentar-se invertida, como ocorre nos oceanos e nos lagos. Nesses casos, a pirâmide apresenta o ápice voltado para cima. Isso ocorre nos ecossistemas terrestres, onde , em geral , os produtores têm grande porte e ciclos de vida longos. A pirâmide de biomassa pode apresentar-se invertida , como ocorre nos oceanos e nos lagos . Nesses casos, os produtores são representados por algas microscópicos com ciclo de vida curto, e de aproveitamento rápido pelo zooplâncton. A pirâmide é então , invertida entre esses níveis tróficos. Uma pirâmide com essa forma pode dar a fala impressão de que uma biomassa pequena suporta uma biomassa grande de consumidores primários. Deve-se lembrar , entretanto , que a medida de biomassa é feita para um determinado instante e que devido à alta taxa de reprodução do fitoplâncton em relação á do zooplâncton, e devido ao rápido aproveitamento do fitoplâncton pelo zooplâncton , obtém-se uma biomassa de produtores aparentemente menor que a de consumidores de primeira ordem. Apesar e a pirâmide de biomassa expressar melhor que a pirâmide de números a transferência de matéria em um ecossistema , ela apresenta dois inconvenientes básicos:

1ª- atribui a mesma importância a diferentes tipos de tecidos dos vegetais e dos animais. Como há tecidos com composição química diferente, cada um deles tem diferentes valores energéticos. Por exemplo: tecido rios em carboidratos têm maior conteúdo energético  que tecidos ricos em proteínas. 

2ª- não leva em consideração o fator tempo. A biomassa é uma medida obtida para um dado instante , não levando em consideração o tempo que um organismo leva para acumular aquela matéria orgânica. O fitoplâncton , por exemplo , acumula em alguns dias e uma árvore demora vários anos.

Assim, se as pirâmides de biomassa invertidas fossem construídas levando-se em consideração esses fatores , elas apresentariam o ápice voltado para cima. Por isso, uma das melhores maneiras de expressar graficamente a transferência de matéria e de energia é a pirâmide de energia.


Os Níveis Tróficos


De maneira geral, em cada ecossistema existem várias espécies de organismos produtores , várias de consumidores e várias de decompositores . O conjunto de todos os organismos de um ecossistema com o mesmo tipo de nutrição constitui um nível trófico ou alimentar. Os organismos autótrofos de um ecossistema formam , por definição, o primeiro nível trófico , que é o produtor. Os animais herbívoros , que são consumidores primários formam o segundo nível trófico ; os animais carnívoros que se alimentam de herbívoros (consumidores secundários ) formam o terceiro nível trófico; os animais carnívoros que se alimentam de consumidores terciários formam o quarto nível trófico e assim por diante. Além dos organismos que fazem parte de um determinado nível trófico , existem outros com hábitos alimentares menos especializados , que podem ocupar mais de um nível trófico. É o caso dos animais onívoros (omnis=tudo), que se alimentam tanto de plantas como de herbívoros e carnívoros . O ser humano , por exemplo, é onívoro. Os decompositores ocupam o último nível de transferência de energia entre os organismos de uma ecossistema . Formam um grupo especial, nutrindo-se de elementos mortos provenientes de diferentes níveis tróficos , degradando tantos produtores como consumidores. Nos ecossistemas , o número de níveis tróficos é limitado em função da disponibilidade de energia para o nível seguinte. Isto porque , ao ocorrer a a passagem de um nível trófico para outro, há perda de energia. Dessa maneira, quanto mais distante estiver um nível trófico do nível do produtor , menor será a energia disponível. Nos ecossistemas mais complexos , o número de níveis tróficos é maior que em ecossistemas mais simples. Apesar de o número de níveis tróficos variar de ecossistema para o ecossistema dependendo de sua complexidade, os tipos de níveis tróficos são sempre os mesmos. Assim, ao se comparar dois ecossistemas diferentes , como um campo e os oceanos, verifica-se que, apesar de serem habitados por tipos diferentes de organismos , é possível identificar em cada um deles níveis tróficos equivalentes .


A Descoberta Dos Genes Das Mutações



Em 1900 , as leis de Mendel foram redescobertas por Correns , Tschermak e De Vries . Assim , eliminava-se uma das objeções a Darwin : a de que  os fatores  responsáveis pelas características se misturam nos filhos . Como Mendel demonstrou , os fatores responsáveis pela hereditariedade separam-se de forma independente na formação dos gametas. Um ano depois , De Vries questionou a teoria de Darwin ao afirmar que apenas grandes mudanças, surgidas repentinamente nos organismos , poderiam explicar a evolução. Ele achava que as pequenas variações individuais não eram suficientes para originar outras espécies, mesmo com o contínuo trabalho de seleção natural. Para ele , as novas espécies surgiam de repente de uma espécie anterior , sem nenhuma transição. Portanto, ele atribuirá pouca importância à seleção natural. Embora De Vries tenha chamado essas grandes mudanças de mutações , ele aplicava tal termo apenas para formas novas de plantas com anomalias  no número de cromossomos. E ainda que tenha sido por intermédio dele que essa palavra começou a aparacer em Genética, foram os trabalhos de Morgan , a partir de 1909 , que introduziram a expressão alteração genética. Posteriormente , com a elaboração de um modelo de gene que corresponde a um trecho da molécula de DNA , a mutação pôde ser explicada como uma alteração na sequência de bases nitrogenadas do DNA. Assim, a mutação mostrou-se como a matéria-prima para seleção natural , originando novos alelos e produzindo variações fenotípicas.  A teoria sintética foi desenvolvida a partir da década de 1930 de 1930 com base em contribuições de cientistas de vários países , como Ronald A. Fischer (1890-1962) , J. B. S. Haldane (1892-1964) , Sewall Wright (1889 - 1988) , Theodosius Dobzhansky (1900-1975), George Gaulord Simpson (1902-1984), G. Ledyard Stebbins (1906-2000) e Ernest Mayr(1904-2005). Nesse período várias descobertas e novas ideias ajudaram a esclarecer pontos obscuros do darwinismo , resultando na teoria sintética. Essa teoria analisa os fatores que alteram a frequência dos genes nas populações , como a mutação, a seleção natural , a migração seguida de isolamento geográfico e reprodutivo , e a deriva genética (mudança ao acaso na frequência dos genes). 


Irritabilidade e Sensibilidade



As plantas que realizam nastias (movimentos não orientados em relação a estímulos externos) também não possuem sensibilidade. Aqui se enquadram a sensitiva ou dormideira (Mimosa Pudica) e as "ascídeas" ou plantas carnívoras. Elas possuem unicamente um grande número de canais capilares cheios de água que convergem para pontos estratégicos, onde se localizam bolsas celulares. Qualquer abalo na superfície de uma dessas plantas (seja pelo vento forte, por um inseto ou pelo homem) acarreta a "irritabilidade" de algumas células , que liberam um fitormônio capaz de alterar a permeabilidade da membrana plasmática das células das bolsas mencionadas acima. Essas células , então, absorvem rapidamente a água dos canais.  Pela variação de peso dessas bolsas e considerando a flexibilidade de alguns tecidos de sustentação, ocorrem os movimentos de fechamento da planta. Mas a planta não "distingue" a natureza do estímulo. Logo, trata-se apenas de irritabilidade e não de sensibilidade. Depois , lentamente , por capilaridade , a água volta para os canais e a planta reassume sua posição normal. Os Extrarreceptores - São os receptores espalhados pela superfície corporal , como olhos , ouvidos e corpúsculos sensoriais do tato e do gosto, bem como as terminalizações nervosas da mucosa nasal. Interoceptores - Estão localizados nos órgãos internos , como os nódulos carotídeos , que percebem as variações da pressão arterial ou do teor de CO2 no sangue, transmitindo a informação aos centros nervosos superiores, ou como as terminações nervosas nas vísceras , que permitem ao indivíduo sentir uma dor no estômago ou uma incomodidade na bexiga , como acontece na cistite. Proprioceptores - São receptores muito especiais , situados no interior do músculo , e que transmitem ao cérebro estímulos indicativos do grau de contração ou relaxamento muscular. É graças aos proprioceptores que você pode deduzir a altura a que elevou o pé ao subir um degrau , mesmo sem olhar para baixo. Também são os proprioceptores que lhe permitem saber quando a sua bexiga está cheia ou quando o seu intestino tem conteúdo para eliminar. 



A República Dos Generais (De 1964 a 1985)



 Por que houve o golpe militar em 1964? Segundo os golpistas , o objetivo era acabar com a anarquia e a insegurança que levariam o país ao comunismo; os militares argumentavam também que era a única maneira de deter a inflação, que estava absurdamente alta, e de avançar no processo de industrialização já em curso. Politicamente , podemos dizer que essa fase divide-se em três momentos: de 1964 a 1968 e de 1974 a 1984. No primeiro momento , os militares editaram o Ato Institucional n¤ 1 (AI-1) , que suspendeu os  direitos políticos de centenas de pessoas. Foram extintos os partidos políticos e criado o bipartidarismo , com a Aliança Renovadora Nacional (Arena) , de apoio ao governo, e o movimento Democrático Brasileiro (MDB) , oposição consentida. Todas as eleições diretas para cargos executivos foram suspensas. Nesses primeiros anos do golpe, ocorreram muitos atos públicos, principalmente de estudantes e trabalhadores , contra o regime militar. Os movimentos foram permitidos inicialmente , mas depois passaram a ser reprimidos com violência. A edição do Ato Institucional n¤ 5 (AI-5) , em 13 de dezembro de 1968, marcou o endurecimento do regime. Com isso, ficou bem clara a instauração da ditadura , que praticamente anulou a Constituição.  O segundo momento correspondeu aos chamados "anos de chumbo", pois nessa fase houve intensa repressão aos movimentos organizados e às manifestações públicas e censura prévia à imprensa. O endurecimento aumentou a oposição ao regime , com a organização de movimentos guerrilheiros na cidade e no campo. Os militares reagiram com violência , colocando em prática as torturas , assassinatos e desaparecimentos de ativistas de esquerda e de pessoas que eles diziam conspirar contra a segurança nacional. Também nesse segundo momento o país iniciou um processo que foi designado de "milagre econômico" , pois houve um crescimento expressivo da produção nacional. Os últimos dez anos do regime militar (1974-1984) foram críticos para sua manutenção, pois em termos econômicos iniciava-se uma crise internacional decorrente do aumento explosivo dos preços do petróleo, e isso tinha reflexos diretos internamente. E, politicamente , a oposição ao regime iniciava sua ascensão , tanto no plano eleitoral quanto no dos movimentos populares , com a emergência de manifestações reivindicatórias, principalmente nas grandes cidades, por melhores condições de vida e de trabalho. As greves operárias ressurgiram e o movimento dos trabalhadores , com nova configuração , reestruturou-se gradativamente. Diante dessa situação , no governo do general Ernesto Geisel (1974 a 1979) foram dados os primeiros passos para a "abertura" do país. Inicialmente , Geisel precisou conter os vários setores das Forças Armadas que queriam a continuidade do regime militar ; depois , iniciou uma longa trajetória para promover uma transição lenta e gradual para a democracia representativa , sob a vigilância dos militares, tentando conter as manifestações políticas das ruas. Nessa última fase da ditadura aconteceram alguns fatos importantes  que merecem ser lembrados. Em 1978 foi extinto o AI-5 , o ato institucional dos militares que tolhera radicalmente a liberdade no país. Em 1979 foi aprovada a lei da anistia , e centenas de exilados voltaram ao Brasil. Também nesse ano foi restabelecido o pluripartidarismo , o que abriu a vida política para outros partidos. O Partido Democrático Social (PDS) substituiu a Arena , e o MDB transformou-se no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Nasceram o Partido Trabalhista (PDT) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1982, o Partido dos Trabalhadores (PT) teve seu registro aceito. No último governo militar, o do general João Baptista Figueiredo , agravou-se a crise econômica e intensificaram-se os movimentos grevistas e as manifestações de protesto. Em 1984 , uma campanha por eleições diretas para presidente da República , conhecida como Diretas Já , agitou o país, e uma emenda à constituição foi votada com esse objetivo, mas não conseguiu ser aprovada no Congresso. Os militares decidiram que o governo deveria ter um civil na liderança , mas eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, e isso ocorreu. Como vimos até aqui, o Estado brasileiro teve poucos momentos de efetiva democracia representativa , mesmo com a existência de uma constituição que se propunha  definir os direitos dos cidadãos. Na prática , essa constituição estava sempre a serviço daqueles que ocupavam o poder e de quem os sustentava.


A Hegemonia Burguesa




 Na maioria dos países europeus no final do século XVIII, a burguesia comercial , formada basicamente por comerciantes e banqueiros , tornou-se uma classe com muito poder , na maior parte das vezes , por causa das ligações econômicas que mantinha com os monarcas. Essa classe , além de sustentar o comércio entre os países europeus , estendia seus tentáculos a todos os pontos do globo, comprando e vendendo mercadorias , tornando o mundo cada dia mais europeizado. O capital mercantil se estendia também a outro ramo de atividade: gradativamente se organizava a produção manufatureira. A compra de matérias-primas e a organização da produção por meio do trabalho domiciliar ou do trabalho em oficinas levavam ao desenvolvimento de um novo processo produtivo em contraposição ao processo artesanal e das corporações de ofício. Ao se desenvolver a manufatura , os organizadores da produção passaram a se interessar  cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção , visando produzir mais com menos gente, aumentando significativamente os lucros.  Para tanto , procuraram investir nos "inventos", isto é , financiar a criação de máquinas que pudessem ter aplicação no processo produtivo. Foram criadas , nesse contexto , as máquinas a vapor e de outros tantos inventos destinados a aumentar a produtividade do trabalho. Desenvolveu-se então o fenômeno    que veio a ser chamado de maquinofatura. O trabalho que os homens realizavam com as mãos ou com ferramentas passou, a partir de então, a ser feito por meio de máquinas , elevando muito o volume da produção de mercadorias. A presença da máquina a vapor , que poderia mover outras tantas máquinas, incentivou o surgimento da indústria construtora de máquinas , que , por sua vez , incentivou toda a indústria voltada para a produção de ferro e, posteriormente, de aço. É interessante lembrar que já no final do século XVIII produziam-se ferro e aço com a utilização do carvão mineral. Nesse contexto de profundas alterações no processo produtivo , cada vez mais o trabalho mecânico convivia com o trabalho artesanal. A maquinofatura se completava com o trabalho assalariado , incluindo a utilização , numa escala crescente , da mão de obra feminina e da infantil. Ao mesmo tempo, longe da Europa , intensificava-se a exploração do ouro no Brasil, da prata no México e do algodão na América do Norte e na Índia . Todas essas atividades eram desenvolvidas com a utilização do trabalho escravo ou servil . Esses elementos , conjugados , asseguravam as bases do processo de acumulação necessário para a expansão da indústria na Europa. Todas essas mudanças , somadas à herança cultural e intelectual do século XVII, definiram o século XVIII como um período explosivo. Se no século anterior a Revolução Inglesa determinou novas formas de organização política , foi no XVIII que a Revolução Americana e a Revolução Francesa alteraram o quadro político e social do Ocidente , servindo de exemplo e parâmetro para as revoluções posteriores. As transformações na esfera da produção, a emergência de novas formas de organização política e a exigência da representação popular deram características muito específicas a esse século. Pensadores como Montesquieu (1689-1755), David Hume (1711-1776) , Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) , Adam Smith (1723-1790) e Immanuel Kant (1724-1804) , entre outros, refletiram sobre a realidade, na tentativa de explicá-la.


O Poder Dos Bancos no Brasil


Nas economias modernas , os bancos sempre são poderosos . No Brasil , entretanto , o poder dos bancos é extraordinário e já constitui há muito tempo uma agressão ao interesse público. Os balanços dos principais bancos privados e públicos , divulgados nos últimos dias , mostraram lucros muito volumosos , que chagam a ser estarrecedores. Enquanto a maior parte da economia brasileira patina na mediocridade , enquanto a maior parte dos brasileiros vegeta na pobreza ou na miséria , os grandes conglomerados bancários expõem resultados exuberantes. Exuberantes , não. Nas circunstâncias do país, não é exagero usar uma palavra mais forte: indecentes. O que explica tal lucratividade? [...] O sistema bancário é muito concentrado , e o grau de concentração vem aumentando. Poucos bancos detêm a quase totalidade dos ativos , dos depósitos e do capital. Um punhado de instituições comanda o mercado. A competição é imperfeita e limitada. Os bancos têm poder de mercado [...] , por exemplo , e conseguem impor pesadas tarifas de serviços bancários, especialmente aos pequenos clientes . Conseguem também praticar taxas elevadíssimas de juro nos empréstimos que fazem a empresas e pessoas físicas. As empresas de menor porte e as pessoas físicas pagam taxas especialmente selvagens.  [...] o poder econômico dos bancos é sustentado por ampla rede de influência política e ideológica. O comando do Banco Central, por exemplo, mantém há muito tempo uma relação promíscua com o sistema financeiro.  O famigerado COPOM (Comitê de política Monetária do Banco Central) é uma espécie de comitê executivo da Febraban (Federação dos Bancos Brasileiros). Entra governo, sai governo e o quadro não muda : a diretoria do Banco Central é sempre dominada por pessoas que vêm do sistema financeiro ou que para lá desejam ir. A influência dos bancos se estende para outros segmentos do Poder Executivo , como o Ministério da Fazenda. Com frequência , essas instituições conseguem obter tratamento tributário leniente e concessões de outros tipos. No poder Legislativo , os bancos financiam campanhas e têm a sua bancada. Na mídia , a sua presença é sempre muito forte. A cada momento , o brasileiro indefeso é exposto às "teorias" e explicações dos "economistas do mercado" , uma verdadeira legião a serviço dos interesses do sistema financeiro.  É óbvio que interessa a qualquer economia moderna ter um sistema bancário sólido e lucrativo. Mas, no caso do Brasil, o poder dos bancos passou dos limites e está prejudicando seriamente grande parte da economia. Se o próximo governo quiser realmente colocar a economia em movimento , não poderá deixar de enfrentar esse problema.


Batista Jr., Paulo Nogueira. O Poder Dos Bancos no Brasil. Folha de S.Paulo , 17 ago. 2006. Brasil, p. B2.


Modernização e Desenvolvimento



Progresso e Desenvolvimento talvez sejam as palavras que melhor expressam, em nosso cotidiano, uma possível mudança social. Já vimos o que pensavam os autores clássicos sobre este tema. Vamos examinar a seguir como a questão foi colocada a partir de meados do século XX. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) passou-se a perceber que as desigualdades entre as sociedades do mundo eram gritantes , e algumas grandes vertentes teóricas se propuseram analisar esses fenômeno, isto é , tentaram explicar por que algumas sociedades eram desenvolvidas e outras , subdesenvolvidas. É sobre essas teorias que vamos refletir um pouco. A visão evolucionista da história ganhou novo alento com as teorias da modernização, de acordo com as quais as mudanças movem as sociedades de um estágio inicial (tradicional) para um estágio superior (moderno), numa escala de aperfeiçoamento contínuo. As teorias da modernização utilizam os padrões de análise de Émile Durkheim e e Max Weber , mas com nova roupagem. De acordo com essas teorias , as sociedades tradicionais ou modernas conforme as características que adotam. Como desenvolveram determinadas atitudes e comportamentos e não outros, são responsáveis pela própria situação. Para se transformar , passando do estágio atual para o superior , uma sociedade tradicional precisa deixar suas características para incorporar as modernas. Essas teorias tomam com padrões de sociedades modernas as norte-americanas - do Canadá e dos Estados Unidos - e as europeias ocidentais - principalmente a da França , a da Inglaterra e a da Alemanha. De acordo com tais teorias , as sociedades tradicionais (atrasadas e subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os mesmos passos históricos das sociedades modernas (industrializadas e desenvolvidas). Vários sociólogos dos Estados Unidos , como Talcott Parsons , David McClelland e Daniel Lerner , e também o argentino Gino Germani, entre outros, utilizaram esquemas muito parecidos para caracterizar cada tipo de sociedade. A mudança social ocorreria quando os indivíduos e os grupos - isto é , as sociedades - deixassem as características tradicionais e passassem a internalizar as modernas. Assim, desde que os valores tradicionais fossem superados, ocorreria a evolução social modernizante. De acordo com as críticas mais gerais , essas teorias são etnocêntricas , pois a maioria das nações do mundo não seguiu as mesmas trajetórias históricas que as sociedades ocidentais.  Ademais , tais teorias definem a trajetória de todas as sociedades como se fosse linear, ou seja, presumem que as sociedades modernas de hoje mudaram sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo. A ênfase é posta na cultura e na visão de mundo das pessoas e dos grupos sociais , os quais , para mudar , precisariam seguir a mesma trajetória que as atuais sociedades modernas. Além dessas críticas , outras estão contidas nas demais teorias.


A Mudança Social Para Os Clássicos da Sociologia



 As transformações e crises nas diversas sociedades constituem um dos principais objetos da Sociologia. No século XIX uma das ideias que orientava as discussões era a de progresso. Conforme Robert Nisbet , sociólogo estadunidense , a ideia de progresso tinha raízes no pensamento grego e , desde a Antiguidade , esteve presente no imaginário de todas as sociedades , mas no século XVIII, com o surgimento do Iluminismo, e no XIX ela ocupou um lugar destacado e permeou o pensamento de muitos autores. Ausguste Comte - Dos pensadores do século XIX , Comte foi um dos que mais influenciou o pensamento social posterior.  Desde cedo rompeu com a tradição familiar , monarquista e católica , tornou-se republicano, adotando as ideias liberais, e passou a desenvolver uma atividade política e literária que lhe permitiu elaborar uma proposta para resolver os problemas da sociedade de sua época. Toda sua obra está permeada pelos acontecimentos da França pós-revolucionária. Defendendo sempre o espírito da Revolução Francesa de 1789 e criticando a restauração da monarquia, Comte se preocupou fundamentalmente com a organização da nova sociedade que estava em ebulição e em grande confusão. Comte acreditava que a mudança social estava situada na mente , na qualidade e quantidade de conhecimentos sobre as sociedades. Com base nisso, ele afirmou que a humanidade percorreu três estágios no processo da evolução do conhecimento:

1- Primeiro Estágio - Teológico. As pessoas atribuíam a entidades e forças sobrenaturais as responsabilidades pelos acontecimentos. Essas entidades podiam ser os espíritos existentes nos objetos , animais e plantas (fetichismo), vários deuses (politeísmo) ou um deus único e onipotente (monoteísmo). 

2-Segundo Estágio - Metafísico . Surgiu quando as entidades sobrenaturais foram substituídas por ideias e causas abstratas e, portanto, racionais. Seria o momento da FILOSOFIA. 

3-Terceiro Estágio- Positivo. Corresponde à era da ciência e da industrialização, na qual se invocam leis com base na observação empírica , na comparação e na experiência . Seria o momento da Sociologia.  Esse último estágio foi ampliado porque a ciência tem desenvolvimento contínuo, sempre em busca de mais conhecimentos, que geram um crescimento quantitativo e qualitativo constante. Em termos sociológicos, Comte dividiu seu sistema em dois campos: os estático e o dinâmico , que estariam expressos nas palavras "Ordem e Progresso".  Toda mudança , isto é , o progresso , deveria estar condicionada , pois admitia a mudança (progresso) , mas limitava-a a situações que não alterassem profundamente a situação vigente (ordem) . A expressão que pode resumir bem seu pensamento é : "nem restauração nem revolução", isto é , não devemos voltar à situação feudal nem querer uma sociedade diferente desta em que vivemos. Para nós, brasileiros, isso é muito claro, pois, desde a instauração da República , assumiu-se no país o lema positivista, "Ordem e Progresso", que norteia as ações dos que dominam nossa sociedade. 



A Importância de Reciclar O Alumínio

Atualmente , milhões de toneladas de alumínio são gastas no mundo inteiro para fabricar recipientes ("latas") de refrigeran...