Em 1798, Malthus publicou seu "Ensino Sobre a População" , no qual desenvolveu uma teoria demográfica que se apoiava basicamente em dois postulados:
1ª- Se não ocorrerem guerras, epidemias desastres naturais etc., a população tenderia a duplicar a cada 25 anos. Cresceria , portanto , em progressão geométrica (2,4,8,16,32...) e constituiria um fator variável , que aumentaria sem parar.
2ª- O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética (2,4,6,8,10...) e possuiria certo milite de produção , por depender de um fator fixo: a própria extensão territorial dos continentes. Ao considerar esses dois póstulos . Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o da produção de alimentos, Previu também que um dia as possibilidades de aumento da área cultivada estariam esgotadas , pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e, no entanto , a população mundial ainda continuaria crescendo. A consequência disso seria a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta , ou seja, a fome . Para evitar esse flagelo , Malthus , que além de economista era pastor da Igreja Anglicana , na época contrária aos métodos anticoncepcionais , propunha que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-los. Hoje , verifica-se que suas previsões não se concretizara: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos aumentou graças ao desenvolvimento tecnológico. Mesmo que produzida aumentou , uma vez que a produtividade (quantidade produzida , por área; toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem crescendo ao longo das décadas. Essa teoria , quando foi elaborada , parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do comportamento demográfico em uma determinada região , com população predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da História. Não serviu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura. Desde que Malthus apresentou sua teoria , são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. Mais da metade da população mundial passa fome , ou está subnutrida , mas isso é resultado da má distribuição da renda e não da carência na produção de alimentos. Nos primeiros anos do século XXI, a produção agropecuária mundial era suficiente para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas, enquanto a população do planeta era pouco superior a 6 bilhões. A fome e a subnutrição existem porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fenômeno este facilmente observável no Brasil. Em nosso país , apesar do enorme volume de alimentos exportados e de as prateleiras dos supermercados estarem sempre abastecidas , muitos trabalhadores não conseguem adquirir alimentos em quantidade e com a qualidade que necessitam; embora essa falta atinja um percentual pequeno da população , de um modo geral a alimentação dos brasileiros é mal balanceada : há excesso de carboidratos e carência e proteínas e diversas vitaminas.