Desde a ascensão dos primeiros governos civis, a República brasileira ficou marcada pelo pacto entre as oligarquias. Centralizado as questões nacionais nos interesses dos cafeicultores paulistas e mineiros e, ao mesmo tempo, garantindo a predominância das oligarquias regionais, estabelecidas em cada estado da federação , por meio de eleições manipuladas , a política republicana sofreu questionamentos mais intensos durante a década de 1920. A primeira ruptura do esquema "café com leite" ocorreu já em 1910, quando da eleição do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923). Em oposição à campanha civilista de Rui Barbosa, representante da Bahia e de São Paulo, Hermes da Fonseca obteve apoio das oligarquias dos estados do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais e da maioria dos militares. Sua eleição representava a mobilização do exército em meio à crise política. Como presidente , buscou intervir nos estados a fim de combater o poder das oligarquias locais e implementar uma ação de mobilização da vida pública .
Essa política ficou conhecida como "Salvacionismo" e, em geral, não foi bem-sucedida. Assim , a República continuou nas mãos das oligarquias. As mudanças mais significativas na chamada República Velha, entretanto, ocorreram após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A dependência econômica e financeira do Brasil começava a se deslocar da Grã-Bretanha para os Estados Unidos e novos agentes sociais - classes médias urbanas , militares , operários e industriais - questionavam o sistema representativo , reivindicando uma maior participação na política. O café mantinha-se como o principal produto de exportação do país . As elites ligadas à sua produção preservavam o discurso que colocava "ouro verde" como sustentador e construtor da nacionalidade brasileira , justificando os gastos públicos para salvaguardar os preços quando das flutuações do mercado externo. O empenho do governo na sustentação do café contrastava com a estagnação de outros produtos, como a borracha, o açúcar , o algodão , o cacau, o mate e o charque, o que gerava descontentamento nas regiões produtoras. Ainda assim, com o poio governamental, o café manteve sua predominância, com os preços em alta até a Crise de 1929. Com a eclosão de movimentos contestatórios, Arthur Bernardes (1875-1955) , entre 1922 e 1926, governou sob estado de sítio com censura à imprensa , prisões políticas e arbitrariedades. Conseguindo reunir mais poderes para intervir nos estados, seu governo dava sinais da falência do federalismo da República Velha . Outro indicativo da crise foi a ruptura ocorrida entre os grupos das elites , com a criação do Partido Democrático (PD) , de tendência liberal, em São Paulo, em 1926. Juntando as reivindicações de uma parte desconcertante a algumas aspirações das classes médias urbanas , o PD propôs uma regeneração política , com base no voto secreto , na maior autonomia do Poder Legislativo e no combate ao clientelismo e ao empreguismo. Embora sua atuação tenha sido importante no sentido de aglutinar os opositores à política oficial , o pacto oligárquico e o predomínio das velhas oligarquias permaneceram até o fim da década.